A ORIGEM NEGRA APAGADA DA HISTÓRIA DO TANGO

Cartão-postal argentino, associado à sedução e à sensualidade, o tango tem sido bailado por casais do mundo todo, desde o final do século 19. No entanto, sua origem negra permanece oculta, sendo mais conhecido pela influência da imigração européia.

Mesmo sendo considerado Patrimônio Imaterial Mundial da Humanidade, pela UNESCO, desde 2009, a história oficial do tango ainda coloca suas raízes afrodescentes em segundo plano.


Por muito tempo, o protagonismo negro tem sido apagado desse gênero de música e dança, criado na região da Bacia do Rio da Prata, abrangendo Argentina e também Uruguai.

O grupo foi marginalizado por uma visão eurocentrista da época que acabou embranquecendo a história, para não associá-la ao passado escravagista. Pinturas, fotografias de época, discos, partituras e relatos da tradição oral comprovam, no entanto, o surgimento do tango num contexto no qual os afrodescendentes tiveram seu protagonismo. No século 19, já havia, pelo menos 15 compositores de tango e 10 intérpretes negros, além dos vários dançarinos. 


O que pouco se fala é que as chances de um negro morrer naquele tempo eram muito maiores, já que eles eram obrigados a ficar na linha de frente dos combates, como “bucha de canhão”.

Mas se o tango tem raízes negras, onde foram parar os afrodescendentes dessa região? Sabe-se que no final do século 18, ele chegaram a ser mais da metade da população. Hoje estima-se que não alcance um por cento, segundo último censo. Existem várias razões sendo investigadas do porquê de a Argentina não ter tantos negros quanto nos outros países da América Latina. Uma delas são as guerras. O que pouco se fala é que as chances de um negro morrer naquele tempo eram muito maiores, já que eles eram obrigados a ficar na linha de frente dos combates, como “bucha de canhão”. Essas outras narrativas curiosas serão contadas na palestra “A origem negra do tango”, que será realizada, dia 9/04, às 20 horas na página do Facebook do Escritório Nacional da ANAN.
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Link abaixo:
https://www.facebook.com/escritorionacionaldaanan

Cristiana Felippe: Jornalista, mestre em Antropologia pela PUC São Paulo e pesquisadora de tango e outras danças urbanas populares.

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